Guia Completo da Plagiocefalia: entenda, identifique e trate corretamente

O que é a Plagiocefalia?
Nos primeiros meses de vida, é natural que os pais observem cada detalhe do bebê — e às vezes percebem que a cabecinha parece um pouco “achatada” de um lado, “tortinha” ou assimétrica. Isso é mais comum do que se imagina e tem nome: plagiocefalia, braquicefalia ou escafocefalia posicional, dependendo do formato envolvido.
Essas alterações não são “imperfeições” simples: em alguns bebês, a diferença é bem perceptível. Muitas vezes, quem nota primeiro é a própria mãe durante o banho, ou alguém da família que comenta com carinho. Hoje em dia, felizmente, cada vez mais pediatras e fisioterapeutas estão atentos a esses sinais — porque já se sabe que “esperar para ver” nem sempre resolve.
E é importante deixar claro: não há culpa dos pais. A recomendação de colocar o bebê para dormir de barriga para cima — essencial para prevenir a morte súbita do recém-nascido — aumentou o número de casos de cabeças achatadas, mas continua sendo uma medida indispensável de segurança.
Por que isso acontece?
Nos primeiros meses, a cabecinha do bebê cresce muito rápido. Ao mesmo tempo, ele ainda não tem força no pescoço, então passa praticamente o dia todo com a cabeça apoiada.
Se o bebê costuma virar sempre para o mesmo lado (por exemplo, por causa de um leve torcicolo), a região que fica mais tempo apoiada cresce menos do que o restante — e com o passar das semanas, a cabeça pode ficar assimétrica.
•Quando o achatamento é em um só lado, chamamos de plagiocefalia.
•Quando a parte de trás fica mais larga e curta, é braquicefalia.
•Quando a cabeça fica comprida e estreita, é escafocefalia.
Às vezes, o formato diferente já começa ainda dentro do útero — especialmente em gestações gemelares, com pouco líquido ou em casos de encaixe precoce do bebê na pelve da mãe.
Como é feito o tratamento? O que pode ser feito?
A boa notícia é que na maioria dos casos há tratamento — e quanto antes for iniciado, melhor o resultado.
O primeiro passo é o reposicionamento:
•Colocar o bebê para deitar com a cabeça voltada para o lado que está mais saliente.
•Estimular o bebê a virar o rostinho para o outro lado durante as brincadeiras e mamadas.
•Fazer o famoso “tummy time” (tempo de bruços), sempre acordado e sob supervisão, para fortalecer o pescoço e aliviar a pressão na parte de trás da cabeça.
Em alguns casos, o fisioterapeuta pode orientar exercícios específicos para alongar o pescoço, especialmente quando há torcicolo postural ou congênito.
Essas medidas costumam trazer ótimos resultados quando iniciadas logo nos primeiros meses. Mas, conforme o bebê cresce — por volta dos 6 meses — e se movimenta mais, o reposicionamento fica mais difícil de manter.
Quando o capacetinho (órtese craniana) é indicado?
Se, mesmo com o reposicionamento e fisioterapia, a assimetria ainda é perceptível, o médico pode indicar o uso da órtese craniana sob medida — o famoso “capacetinho”.
Ele não aperta nem deforma: serve apenas como uma “fôrma” suave que guia o crescimento da cabeça, deixando espaço nas áreas achatadas para que o crânio cresça de forma equilibrada.
É um tratamento seguro, confortável e temporário — e costuma ter resultados muito satisfatórios quando usado na fase certa.
Há diferentes tipos de órteses (tradicionais, impressas em 3D, com materiais transparentes, etc.), e o especialista escolhe o modelo mais adequado conforme cada caso.
Em casos mais severos, o capacetinho pode ser indicado a partir dos 3 meses de idade. Já quando o diagnóstico é feito mais tarde — por volta dos 8, 9 meses ou até após 1 ano — ele pode ser o único recurso eficaz para corrigir a assimetria.
A importância da avaliação especializada
Se você desconfia que seu bebê tem alguma assimetria na cabeça, procure um médico com experiência específica nesse tipo de tratamento.
A avaliação inclui:
•Um exame clínico detalhado;
•Um escaneamento 3D da cabeça (sem radiação) para medir com precisão o grau de assimetria;
•A exclusão de outros diagnósticos, como a cranioestenose;
•E, por fim, a indicação do tratamento mais adequado.
Com a abordagem correta e no tempo certo, as assimetria cranianas posicionais são perfeitamente tratáveis — e o mais importante: o bebê cresce feliz, saudável e com o desenvolvimento normal.

Deixe um comentário